quarta-feira, 15 de agosto de 2012

O Príncipe de Chuchu


Os contos de fadas são uma maneira de contar e preservar histórias cujo fundo moral tende a alertar e educar novas e velhas gerações sobre os desafios e obstáculos da vida pessoal e da sociedade, buscando através do conhecimento e da internalização dos conflitos, crescimento pessoal e social.
O universo dos contos de fadas é permeado por gigantes, duendes, dragões, príncipes e princesas e muitos outros ricos personagens que ficam no nosso imaginário como arquétipos das nossas transformações ao longo da vida.

Assim, há príncipes que se tornaram sapos, princesas encasteladas e adormecidas, rainhas cuja luxúria pelo poder as tornaram bruxas.

O personagem principal dessa fábula foge um pouco a essa regra. A grande tragédia do Príncipe de Chuchu e de sua terra, “Um lugar Não Muito Muito Distante”, reside não num processo de transformação do personagem ao longo da história, mas do contrário, da incapacidade do Príncipe de Chuchu em ser algo além de um Chuchu. Por mais que o enfeitem, mimem, temperar no intuito de enganar o povo de Um Lugar Não Muito Muito Distante, o Príncipe de Chuchu, nunca deixa de ser um Chuchu, sem sal, sem açúcar, sem gosto, sem nada que justifique sua pretensa realeza. O Príncipe de Chuchu é como o bezerro de ouro do Pentateuco de Moisés, um falso ídolo, um falso objeto de adoração, coberto de ouro, mas feito de frágil barro, que ao menor esbarrão se parte em mil pedaços, sem qualquer traço verdadeiro de divindade ou dignidade.

Ao longo das próximas semanas, convido vocês, amigos leitores, a conhecer comigo as aventuras e desventuras ocorridas em Um lugar Não Muito Muito Distante.
Conhecer seus personagens, como o Cozinheiro, um mágico embusteiro como o Mágico de Oz, que manipula o povo de Um Lugar Não Muito Muito Distante com suas frases mágicas de efeito e seu falso moralismo; Pinóquio, aqui ressuscitado como um prefeito mentiroso e ladrão; As aves de Propina, uma camarilla de pardais de bicos compridos e ambição sem igual, os edis do Amém, máfia de pequenos políticos assistencialistas e interesseiros e tantos outros que fizeram de Um Lugar Não Muito Muito Distante, um antigo oásis cravado no coração do Vale dos Caraíbas, uma terra de opressão, de vozes silenciadas, de perseguições e supressão de liberdades.

Tenho certeza de que muitas dessas histórias tocarão fundo seus corações e lhe despertarão lampejos de lucidez na vida real. Venha conosco descascar esse Chuchu.

Franklin Fouad Abbas

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